Redes mentais

Quem me conhece sabe que a seguir a uma crise criativa vem um BOOM de posts... e como é meu hábito não querer desiludir ninguém aqui vai mais um.

Cada vez acredito mais que não acredito nas redes sociais. E contra mim falo porque devo estar inscrita em quase todas as que existem. Ainda agora liguei o msn e lá estavam as opções: memorizar-me, esquecer-me, abrir automaticamente, aparecer como offline! Uau, qualquer dia começamos a acreditar que a vida é assim também. Agora memoriza-me mas amanhã esquece-me, hoje estou online, amanhã dou uma espreitadela mas offline para não saberes que estou aqui, estás a falar comigo mas eu até me pus ausente por isso não preciso de responder. E não pensem que quem concebe estas redes tenta subrepticiamente transformar o rumo da sociedade actual porque basta pensarmos na palavra Facebook para percebermos para que serve e em que entramos. Estamos a mostrar a nossa bonita carinha para ver se alguém nos liga alguma, e colocamos lá que somos solteiros, ou numa relação, ou numa relação aberta ou à procura de amigos e achamos que o mundo se cataloga assim, alegremente e sem remorsos.

E depois dou por mim a conhecer pessoas e a pensar: "Será que este é dos que memoriza e depois esquece ou será que é dos que está aqui mas diz que está ausente?" Será que os outros pensam o mesmo quando me conhecem a mim?

É assustador!

E para aumentar a paranóia de tudo isto vou citar um grupo do Facebook para demonstrar os fenómenos curiosos (e são mesmo do ponto de vista sociológico muito interessantes) que ocorrem nestas redes. Há então um grupo que se chama qualquer coisa deste género: "Na rua não me falas mas queres ser meu amigo no Facebook". Brilhante! Porque sem olhar cara a cara é fácil dizer e fazer tudo, e porque o ego aumenta quando de 100 "amigos" passamos a 150 e depois a 200. Epá, sou muito famoso!!

E depois é chegar a casa e correr para o computador para ver se responderam ao que se postou, aquela foto ou aquela frase. "Boa, tenho aceitação social" ou "Bolas, ninguém me liga nenhuma".
E às tantas, quando os amigos reais metem o pé na argola, já não há tolerância nem meias medidas, afinal tenho 300 "amigos" no Facebook por isso sou feliz mesmo sem aquele. E as relações cada vez mais são frágeis, porque tenho aqui 20 pedidos de amizade de meninas e meninos tão giros, que pena desperdiçar.

E tudo isto se torna ainda mais perturbador quando acabamos por conhecer ou reencontrar pessoas decentes desta forma... Afinal onde está a verdade das coisas?

E para terminar, peço perdão à minha professora de Português que eu adoro e que colocava tantas esperanças em mim por ter começado cinco parágrafos deste post por "e". Parece que as redes sociais também assassinaram o meu português.


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