O meu rectângulo


É impressão minha ou anda muita gente a tentar boicotar o "nosso rectângulo" ?

Eu gosto deste meu rude quadrilátero, de costa vasta e clima agradável, de gentes mornas e pacíficas que fazem revoluções com cravos e se manifestam calmamente, mesmo quando o chão se vai rachando debaixo dos próprios pés.
O que eu não gosto é que agarrem em todas estas pessoas e lhes atribuam a relevância de fantoches sem nome, sem densidade, sem direitos e sem sonhos. O que não gosto é de pavões em fato e gravata que nada sabem da vida real, que vomitam números em catadupa e que nos puxam o tapete.

Gosto ainda menos desta filosofia do "come e cala", dos fins que justificam os meios, especialmente quando os fins afinal são todos mentira.
Revolta-me ouvir e não conseguir acreditar numa palavra, ver-me impotente, sentir-me cada vez mais a caminhar paralelamente ao meu próprio país, como se o futuro de cada um não devesse também ser o futuro de todos.
 
Detesto que a justiça seja, cada vez mais, uma excepção; tão rara que temo que um dia deixemos de ser capazes de a reconhecer.
 
Odeio esta atmosfera de impunidade e insegurança que hoje respiramos, que intoxica, revolta, enoja.



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