Púrpura

Da minha memória escarlate, em tudo revolvida pelo teu carácter de tornado encantador, escapam-se de quando em vez momentos de um passado recente, escorrendo saudade e êxtase, que se acabam nas minhas unhas de púrpura cintilante, batendo as teclas do computador novo.

Os dias escorrem, agora, com tranquilidade, rumo a um destino indecifrável, que tantas vezes teima em levar-nos juntos no mesmo barco, contra as tremendas vagas. Nestes dias de precário equilíbrio, lábios rasgados de sal e sede, mar inerte, enorme, anil, vou sorvendo ternos goles da minha consciência cristalina e assim resisto. Quando, exausta, me encolho sobre mim e repouso nas tábuas ásperas do fundo do barco, tu afagas-me o cabelo ondulado e lanças um sopro de calma perfumada que me adormece.

O futuro é um caminho traçado em águas que ninguém conhece e termina em solo firme de lugar algum.

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